sábado, 3 de novembro de 2007

O mar

Existia um mar, floresvirtuais, movimentos de gotas para todocadanehum ponto redemoinhos mortais, calmarias de uma lisura da seda, peixes bicicletas cometas mulheres e andróides nadavam para encontrar as ondas ilusoriamente perfeitas. Eu não aceitei ficar na arrebentação, então fui sozinho contra a vontade de todos, remando para todas as direções e isso me levava para frente.
Chegando ao alto mar, feliz e melancólico por tanto fazer sinais de que mais adiante a praia ficava mais visível na sua completude, desisti, finalmente, de chamá-los.
Decide jamais parar; uma mosca cintilante e suas amigas borboletas, cujas asas eram hélicesfractais, sopravam ao meu ouvido “não há limite, meu caro, ou se há você pode remar por toda a eternidade do segundo de sua vida, alegre e intenso, sabendo que não chegará ao final”. Eu ouvi este sopro de ondas e vento e segui remando caótico até que a praia não mais existia. Girando minha cabeça 360 graus tudo era a linha do horizonte, o qual é a penas a linha do limite de minha visão.
Senti toda a felicidade dos píncaros onde o ar é rarefeito e me senti o melhor dos homens.
Mas tal sensação efêmera foi rapidamente transmutada em medo e dores musculares.
Assim, a morte olhava-me nos olhos como uma fera felina sensual e mortal.
Tentei então boiar, mas não pude.
A morte então era certa e me arrependi de minha ambição.
Resignado, deixei me afundar pela primeira vez e não queria mesmo lutar. Aceitaria meu destino: ir o mais longe possível para morrer.
Embaixo d´água quando já desesperado tudo se apagou.
Acordei numa fração de segundo onde do nada, atravessando universos, aqui me encontro.
A água se tornou meu ar.
Por três horas e treze minutos dias segundos eu respirei água.
Então voltei à praia.
Guardava comigo, todavia, a pedra.
Olhada com olhos certos ela revela cadatodonenhumsernãoseraquémentrealémtranscendental.
Os amigos aflitos me questionavam onde havia estado.
Respondi: Nadando um pouco para além da arrebentação.
Você está louco, isso não é permitido! Disse o inteligente e sensato gerente de manutenções da engrenagem do grande relógiopolvo.
Poderia ter morrido. Dizia a menina de cabelos negroazul e olhos azuisnegro
É, tem razão não faço mais.

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