sexta-feira, 11 de julho de 2008


Buracos do Asfalto

Não me arrependo de admirar uma árvore por ser uma árvore
Ou um azulejo quebrado por ser um azulejo quebrado
Eles poderiam ser uma rosa
Uma rosa poderia ser uma estrela
Mas convenções de linguagem não alteram o sabor de espanto
que eu tendo consciência de eu
e de uma rosa que poderia ser um azulejo quebrado
ou um buraco no asfalto
podem ter nesse meu corpo discreto por sentir demais
não há força para ser escandaloso
silenciosamente com minha fala monocromática
cintilo frases como laminas
destruindo o mito do presente já esmagado
e fazenda a fusão impossível

II
Uma vez fui criança e cai de joelhos diante do esplendor do absoluto
Agora luto para ser a união corpomente filosofomatrix
Unir Sócrates no discurso final com Herodes e Jesus e Henry Ford e Newton e Pessoa
Num único devaneio febril
Organizado como um exército
A disciplina se torna necessária para quem é o caos com todo o amor do mundo
III
Eu eu eu por que não falar com a voz femina de um Chico Buarque?
De eu eu sinto os objetos e sou eu mesmo um objeto sentindo os objetos
De eu sou o absoluto de minha imaginação limitada
O toldo do circo meu limite
Rasgo um pouquinho
Vislumbro o futuro
Mas não me iludo apesar de ser tudocadacoisanehumacoisa
Aquém
Entre
Além
Transcendentalmente
Aquém
Entre
Além
cadatodanenhumavariasduastrêscoisas
Minha imaginação é a interpretação da mulher,
jamais a própria muito embora unidade
perdoe-me Chico se nunca foste uma mulher e foste mulheres e homens e crianças
como eu sou isto tudo e pedras galhos flores atomic bombs