quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quem sou eu

A minha mente é um condor
quanto mais acima dos píncaros
mais ampla é sua visão
mais solitária sua jornada
mais rafeito é o ar que se respira

O meu sexo uma jibóia
se arrasta languida
envolve sorrateiramente num abraço mortal

Meu coração uma cadela desmamada
abraça o mundo e seus vira-latas

Minha ambição um Leopardo
cada investida é de vida ou morte

Minha sensibilidade é uma espada
cada afecção gera uma amputação

Meu sorriso esquizofrênico
brinca com as possibilidades

Minha pele é fina
Meus cabelos desgrenhados
Minha coluna frágil

Minha imaginação um caos controlado
Minha fala um bisturi
impiedoso na mão de um cirurgião xamânico

O meu pensamento como uma pipa astronauta
Sobe até a desintegração nos possíveis universos

Meu amor dói como seios cheios de leite
Os bebes mamam, mas a produção é infinita

Meu medo é surdo como o nada

Minha vontade louca
avassaladoura
rompe o solo como um terremoto

Minha angustia atira-se a si mesma contra parede

Meus dedos são cumpridos e finos
Meu pau largo como um lambari-de-tanga-amerelo
Meus dentes são graúdos mal cabem em minha boca

Meu ser indefinível
Meus eus múltiplos
Meus estados um turbilhão de ondas

Minha verdade
parcial e incompleta

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fluxo condicionado condicionando o movimento travestido de inércia

Os torcedores camponeses tremem trêmulos diante do massacre de todos os estandartes nos quais o homem segura com filete de sangue mãos quentesfriasmornas o suar umedecendo levemente brilhando como as estrelas antes de apagar e transformar luz na atração do buraco negro fé desespero angustia desejo nosense destruição e criação a locomotiva do nada ao nada arrebata as portas verde musgo da menina sentada a janela sem conhecer o pescoço da Etiópia a verdadeira incerteza histórica e cada segundo passando passado passará sem precisão do observador brinca com dedos largos o céu é negro mas jamais um matiz homogêneo estático esconde o eterno movimento do nada ao nada bolhas de espaço-tempo formando e correndo para o abismo de se correr o nascer do nada ao saltoqueda palhacinhos com a maquiagem borrada sorriem com dor melancólica o mago do dissabor ri da felicidade de lutar a intensidade necessária de cumprir esse intervalo nosense do ser nasce o ser consciente e volta ao somente ser partículas ou energia cavalos têm a sedução da locomotiva natural computadores giram no carrossel encantado marte some nas cartas antigas o amor da a sensação de encontro do ser consciente com sernãoseraquémentrealémtranscendentalaquémentrealém dragões mitologias do universo ao lado não pode ser conhecido porque não observado limitações do século XXI cabe ao retorno do centauro a corrediça porta madeira nobre a cruz a anticruz a matéria a não matéria ponta do iceberg nada mais jogar-se para dentro da possibilidade do iceberg mesmo no escuro se debatendo é a única chance dos ousados ao vôo maior que seus sapatos molhados de chuva e lamentações de engrenagem os velhos as crianças potência inocente perecimento inocente com respigar de veneno da experiência o mar a terra o solo dos fractais tentativa de além de fractais morte caveira ganso voando baixo rir e não temer a necessária derrota e no fim as flores exalam perfumes complexos o pobre menino de dentes sujos compreende ao menos isso sonha hermético no seu mundo natural e místico enquanto há sempre um a amar a grande distância onde a Terra é uma fagulha perdida.