quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quem sou eu

A minha mente é um condor
quanto mais acima dos píncaros
mais ampla é sua visão
mais solitária sua jornada
mais rafeito é o ar que se respira

O meu sexo uma jibóia
se arrasta languida
envolve sorrateiramente num abraço mortal

Meu coração uma cadela desmamada
abraça o mundo e seus vira-latas

Minha ambição um Leopardo
cada investida é de vida ou morte

Minha sensibilidade é uma espada
cada afecção gera uma amputação

Meu sorriso esquizofrênico
brinca com as possibilidades

Minha pele é fina
Meus cabelos desgrenhados
Minha coluna frágil

Minha imaginação um caos controlado
Minha fala um bisturi
impiedoso na mão de um cirurgião xamânico

O meu pensamento como uma pipa astronauta
Sobe até a desintegração nos possíveis universos

Meu amor dói como seios cheios de leite
Os bebes mamam, mas a produção é infinita

Meu medo é surdo como o nada

Minha vontade louca
avassaladoura
rompe o solo como um terremoto

Minha angustia atira-se a si mesma contra parede

Meus dedos são cumpridos e finos
Meu pau largo como um lambari-de-tanga-amerelo
Meus dentes são graúdos mal cabem em minha boca

Meu ser indefinível
Meus eus múltiplos
Meus estados um turbilhão de ondas

Minha verdade
parcial e incompleta

3 comentários:

Dusivan disse...

um ser cada vez mais sendo cada vez menos absoluto-metafísico
sendo o que se é na mística de jogar-se no que há e não há sem apreender tudonada ou senão o instante
que sozinho ou em permanências revelam toda a inverdadeverdade
se regozijar em incinerar-se ao limite no grito da causação extrema
experimentação metaexperimento

LG disse...

Eu não sei faar bonito que nem o Ivan, mas sei que teu jeito de escrever tem tudo a ver com quem és: um urso lindo que eu amo. :-)

Silvana disse...

Seu jeito cotidiano de ser não deixa ver essa intensidade de redemoinho que tu expressas nesse poema auto-retrato. Se bem que por baixo do teu jeito meio indolente pode se supor mesmo um terremoto silêncioso..
Adorei este..