sábado, 21 de novembro de 2009

Nadifica-te

Adentraram a escuridão
Na floresta silenciosa
gotas de orvalho brilhavam
Refletindo a parca luz da lua
que em feixes
entre os galhos
-ramificações das árvores-
escassos, dissipavam-se

Num instante todos ficaram imóveis
Ele se afastou do grupo
Sentando-se isolado em folhas secas que cobriam o chão

O silencio ainda inerte expandia o tempo

Com lágrimas nos olhos
deixou-se apoderar
por todo sufocamento do mistério

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Enfim ter amor por alguma coisa que não seja a própria face
Como Sócrates, suportar a sicuta

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A insuportável Sublime Beleza





Escrevendo como quem foge do destino...
Não da vida de agora, mas da possibilidade
que quando existe é sempre a final.

Ouvindo para viver o êxtase não mais permitido pra quem matou a metafísica
Da flor a flor do nada ao nada.

A potência que é necessária no peito é o simples aceite do mistério

Deleitar-se com vulvas,
Acender nas preces do vento sentido veloz nos becos,
Caminhar novos países com lágrimas nos olhos,
Aceitar o fim não só de si,
Mas o fim do homem,
Aceitar o mistério da tal forma
a propor este fim
como a necessária possível contribuição da “espécie”

Percorrer corpos, conjecturar o pós-homem como o primeiro.
E sempre o fim atrás de nós suspirando quente
Umedecendo a orelha
Apimentando as cores
Extasiando os olhos
Percorrendo as lágrimas
Soluçando espasmos
Gozando espaços
Distorcendo o tempo
Antecipando o nada
Costurando seres
Desintegrando coisas
Compartilhando o que já não é

Então mais um passo atrás
Flutuando lépido
Já ao fora dos mundos possíveis
Intuindo-imaginando-vendo
Finalmente
A insuportável totalidade
Aquém-entre-além-cada-todo-nenhum-ser-não-ser-transcendental-aos-prévios-conceitos

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quem sou eu

A minha mente é um condor
quanto mais acima dos píncaros
mais ampla é sua visão
mais solitária sua jornada
mais rafeito é o ar que se respira

O meu sexo uma jibóia
se arrasta languida
envolve sorrateiramente num abraço mortal

Meu coração uma cadela desmamada
abraça o mundo e seus vira-latas

Minha ambição um Leopardo
cada investida é de vida ou morte

Minha sensibilidade é uma espada
cada afecção gera uma amputação

Meu sorriso esquizofrênico
brinca com as possibilidades

Minha pele é fina
Meus cabelos desgrenhados
Minha coluna frágil

Minha imaginação um caos controlado
Minha fala um bisturi
impiedoso na mão de um cirurgião xamânico

O meu pensamento como uma pipa astronauta
Sobe até a desintegração nos possíveis universos

Meu amor dói como seios cheios de leite
Os bebes mamam, mas a produção é infinita

Meu medo é surdo como o nada

Minha vontade louca
avassaladoura
rompe o solo como um terremoto

Minha angustia atira-se a si mesma contra parede

Meus dedos são cumpridos e finos
Meu pau largo como um lambari-de-tanga-amerelo
Meus dentes são graúdos mal cabem em minha boca

Meu ser indefinível
Meus eus múltiplos
Meus estados um turbilhão de ondas

Minha verdade
parcial e incompleta

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fluxo condicionado condicionando o movimento travestido de inércia

Os torcedores camponeses tremem trêmulos diante do massacre de todos os estandartes nos quais o homem segura com filete de sangue mãos quentesfriasmornas o suar umedecendo levemente brilhando como as estrelas antes de apagar e transformar luz na atração do buraco negro fé desespero angustia desejo nosense destruição e criação a locomotiva do nada ao nada arrebata as portas verde musgo da menina sentada a janela sem conhecer o pescoço da Etiópia a verdadeira incerteza histórica e cada segundo passando passado passará sem precisão do observador brinca com dedos largos o céu é negro mas jamais um matiz homogêneo estático esconde o eterno movimento do nada ao nada bolhas de espaço-tempo formando e correndo para o abismo de se correr o nascer do nada ao saltoqueda palhacinhos com a maquiagem borrada sorriem com dor melancólica o mago do dissabor ri da felicidade de lutar a intensidade necessária de cumprir esse intervalo nosense do ser nasce o ser consciente e volta ao somente ser partículas ou energia cavalos têm a sedução da locomotiva natural computadores giram no carrossel encantado marte some nas cartas antigas o amor da a sensação de encontro do ser consciente com sernãoseraquémentrealémtranscendentalaquémentrealém dragões mitologias do universo ao lado não pode ser conhecido porque não observado limitações do século XXI cabe ao retorno do centauro a corrediça porta madeira nobre a cruz a anticruz a matéria a não matéria ponta do iceberg nada mais jogar-se para dentro da possibilidade do iceberg mesmo no escuro se debatendo é a única chance dos ousados ao vôo maior que seus sapatos molhados de chuva e lamentações de engrenagem os velhos as crianças potência inocente perecimento inocente com respigar de veneno da experiência o mar a terra o solo dos fractais tentativa de além de fractais morte caveira ganso voando baixo rir e não temer a necessária derrota e no fim as flores exalam perfumes complexos o pobre menino de dentes sujos compreende ao menos isso sonha hermético no seu mundo natural e místico enquanto há sempre um a amar a grande distância onde a Terra é uma fagulha perdida.

sábado, 25 de abril de 2009

It´s Evolution baby


Evolution Baby

Curvas quânticas
Pré-existência
Big bang
Oi planeta bizarro da essência
Viva os homos

Carnificina
Brincadeira
Sapiens sapiens
Extermínio

E o homem criou Deus
Civilização
E o homem matou Deus
Mas ele é Fênix renasce das cinzas

Evolução
Carnificina
Filosofia
Psicodelia
Brincadeira
Arte
Sonhos

Deus permanece morto-vivo
Guerra dos sexos
Sexo livre
Camisa de vênus
Caos, carnificina, Deus, psicodelia

Vitória dos bêbados
Vida longa
Comida à vontade
Desnutrição


Guerra, guerrilha, paz e amor
Doors
Tecno
Extasy
Workaholic
Vagabundos da nova geração
In out
Velhos de sobra
Jovens mesquinhos e loucos de vontades
Jovens idealistas e loucos de vontades

Álcool
Álcool
Álcool

U.S.A polícia terrena
Emergentes
Mari Juana
Mescalina
Dostoievski
Trotsky
Homero
Chico Cience Buarque da Rosa

sábado, 11 de abril de 2009

Estupefateai vós

Das vidas
que eu tive
esta
é
a
mais
estranha
E é a única

Os entrelaçamentos
que nela
ocorrem
acabam
por
deixar-me
es
tu
pe
fa
to
Serão as flores
ES-tu-pe-fa-tas
Por sua vez?
E as rochas?
Ou será
ES-tu-pe-fa-tear
Uma propriedade
Atributo
Característica
Qualidade
Que não se dá a todas
Cousas?!?

quarta-feira, 11 de março de 2009

A chuva de Cetim-Neon

Borrando as tintas na chuva, a colheita suave dos vinhedos, corta-se um cacho amputando-o de sua mãe.
Quando eu sento assim na chuva, penso do que vale - por um instante - ter escrito rabiscos do absoluto decodificados de uma pobre mente-ser, que é ser com consciência de si, limitada mas real, como um quadro de Van Gogh, não real como seria o real em verdade.

Correr mais rápido; os pingos não alcançam.
Voar mais deslocado das limitações newtonianas, para rir o riso verdadeiro.
Nadar com as moréias acorrentadas ao corpo como jibóias famintas e sentir o choque elétrico como uma benção de uma estátua já caída.
Beijar uma sereia de olhos fechados - mente limpa – sensorialismo táctil - abrir os olhos e não passa de uma borboleta flutuando instável nesta chuva; uma gota quase a derruba, porém voar é preciso, amar sereiasborboletas um destino.

Tragar o veneno, êxtase dos primórdios quando o fogo era uma dádiva.
Conhecer para saber o quanto não se pode conhecer.
Só a musica lava como o mar.

O amor em todas as direções, a cada instinto, cada visão, sensação, intuição, ser libido em estado puro talvez uma insaciável transmutação de dorprazercalmariaexcitamento.

Sempre o êxtase termina e o meio-termo, médio, medíocre, volta a reinar; é o ciclo.

domingo, 8 de março de 2009


Esboços para uma filosofia...

O nada, ou não-ser, é constituído de ser em estado de potência, assim como o ser é constituído de não-ser em estado de potência.
Assim no eterno devir dos mundos possíveis.
Aquilo que é ser em um determinado momento carrega em si a potência para sua própria aniquilação como propriedade essencial.
Muito embora , as condições espaços-temporais como conhecemos sejam necessárias ou existentes neste mundo, não sabemos se outros mundos possíveis necessariamente teriam as dimensões espaciais e temporais como as mesmas neste mundo.
Já nasce aí, uma dificuldade para conhecer em absoluto.
Assim como, o não-ser deste mundo pode não possuir as mesmas propriedades que o não-ser fora deste mundo, enquanto mero não-ser potencial para criação de mundos possíveis ou enquanto não-ser dentro das transformações do devir de mundos possíveis.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

LEGO

Todo lodo
todo dia
- diástolesistoles -
catástrofes numa inspiração natural
no umbral recosto minhas costas
castas vão avançando passo a passo
repasso minha vida
numa saída atravessam os passantes
amantes do meio dia
na normandia diagramação dos medos em sangue
no mangue sanguinolento sonho
componho uma vida nova
na roda da evolução
ação-reação ciclo da esfera infinita
bonita minha maçã dourada
armada conquista as malvinas
divinas as divas dionísicas
tísicas avançam com estandartes
arte dos ainda familirizados com o ser
no amanhecer o orvalho pinga a noite
açoite dos olhos
des-cobrem
en-cobrem
cobrem
os fenômenos
homonímos...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


Calendar

Sun Sundaymonday,

breathing the earth as always has been.

Being in the earthseaair.


Seeing everything that is;

Seeing between the birth and the death;

Seeing similar and plural things:

flowers electricity fire stones ice smiles tvs.


One day I did the mystic jump.

Because human reason is not enough,

as always has been.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Corredorestrelasendorfinasaladas

Eu já vi a morte de frente tantas vezes!
Mas o xadrez nunca termina,
a metametapotência geradora me alimenta no sono.

Brincando de observar as praias, os povos, ganja infinita.

Alimentando-me de amor e experiências,
céu límpido quando as estrelas formam uma galáxia.

De repente uma menina passa correndo, de cabelos negros,
hiperativa dizem os especialistas,
atiradora de foguetes eu digo,
um especialista tenta nos castrar a todo instante.


Jogos mortais são jogados a cada instante,
E tanto os iluministas quanto os românticos estavam certos de algum modo.

Correndo na praia, sentido o ar difícil, os músculos doendo,
Num instante algo, endorfina - e outras inas segundo os especialistas -
Ilumina o olhar desse corredor e suas passadas se tornam aladas.
Porque os anjos existem,
eles são aves e homem,
ou homem alados em algum possível mundo,
ou são como os românticos e iluministas
e todo o pensamento humano:

parcialmente certo, parcialmente errado e incompleto,
porque a pedra, o olho, o aleph é: cadatdoonenhumsernãoseraquémentrealémtranscendetalaospreviosconceitos.

Só porque eu sou humano e preciso dessas metáforas para aliviar a visão impossível,
o transbordamento final eternamente meio,
os foguetesalados,
as estrelasgaláxias,
o corredorvoador –das inas,
joguetes infinitos rindo de nós.