quarta-feira, 11 de março de 2009

A chuva de Cetim-Neon

Borrando as tintas na chuva, a colheita suave dos vinhedos, corta-se um cacho amputando-o de sua mãe.
Quando eu sento assim na chuva, penso do que vale - por um instante - ter escrito rabiscos do absoluto decodificados de uma pobre mente-ser, que é ser com consciência de si, limitada mas real, como um quadro de Van Gogh, não real como seria o real em verdade.

Correr mais rápido; os pingos não alcançam.
Voar mais deslocado das limitações newtonianas, para rir o riso verdadeiro.
Nadar com as moréias acorrentadas ao corpo como jibóias famintas e sentir o choque elétrico como uma benção de uma estátua já caída.
Beijar uma sereia de olhos fechados - mente limpa – sensorialismo táctil - abrir os olhos e não passa de uma borboleta flutuando instável nesta chuva; uma gota quase a derruba, porém voar é preciso, amar sereiasborboletas um destino.

Tragar o veneno, êxtase dos primórdios quando o fogo era uma dádiva.
Conhecer para saber o quanto não se pode conhecer.
Só a musica lava como o mar.

O amor em todas as direções, a cada instinto, cada visão, sensação, intuição, ser libido em estado puro talvez uma insaciável transmutação de dorprazercalmariaexcitamento.

Sempre o êxtase termina e o meio-termo, médio, medíocre, volta a reinar; é o ciclo.