domingo, 11 de novembro de 2007

O Samadhi da pele contra pele



A pele nua toca a pele nua, num instante a mente muda, os olhos fecham arco-íris moldam na mente formas elípticas, geometria encantada, porque os acordes rasgam o peito, as sinapses entram em colapso, toda a matéria escura brilha, todo o rosto esvanece num devaneio febril.
Joga-se a vida nas cartas do presente que é um futuro quebrado a cada instante – passado.
Rever os rostos antigos transformados pelo tempo a chaga imortal de cada ego resvalando na relva e tornando-se ar, areia úmida, selvagens leopardos.
Montanhas de espíritos nos trouxeram até aqui, daqui pra onde vamos?
Suportamos, somos eternamente a mutação do mesmo porque as partes não formam o todo nesse rosto antigo.
Acreditar que a unidade supera as partes; nosso novo evangelho é o caos.
As moedas eram de ouro agora são conjuntos binários de zero e um.
Infinitas combinações de dois dígitos.
Nesse mar elétrico eu brilhando quando eu penso em eu.
Soluços e gargalhadas lágrimas entrecortadas.
A serpentina serpenteia espirais sem nunca tocar o palpável.
Venham todos de um só trago, a montanha de espíritos para ser o hoje, muito sangue, muitos estandartes, muitos evangelhos foram construídos como no jogo de lego e desmontados pelo o que veio a ser, o vir a ser. Encantados, relembramos que deus era o fogo, o sol, a água e agora nem mesmo abstrato, o ser vem do nada e não existem mais deuses, só o choro de crianças esperançosas, sonhando com um homem pós-orgânico, pós-fraquezas, pós-medo do escuro. Pós-necessidade de crenças, pós-escrita, pós-amor, pós-apego.
E os soldadinhos finalmente largarão a bandeira que os move inexoravelmente para o abismo. Ou lá sem sentir, pois não ser é não sentir também, já estão, sem dor, sem prazer, sem nada, ser nada já é alguma coisa.

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